A transição energética representa a mudança de um sistema baseado em combustíveis fósseis para um modelo sustentável, centrado em fontes renováveis e tecnologias de baixo carbono. Nesse contexto, a inovação corporativa desempenha um papel fundamental ao impulsionar tecnologias, soluções e estratégias que viabilizam essa transformação junto com corporações e governos.
A transição energética exige mudanças em toda a cadeia produtiva, desde a geração até o consumo de energia. Isso inclui investimentos na modernização de infraestruturas, como atualização de redes de transmissão e desenvolvimento de sistemas de armazenamento eficientes. Além disso, o consumo de energia também precisa passar por transformações estruturais para garantir maior eficiência e sustentabilidade. A eletromobilidade vem crescendo, com a expansão da frota de veículos elétricos e o desenvolvimento de redes de carregamento. Na indústria, a digitalização e a automação otimizam o uso de energia, enquanto no setor imobiliário, soluções como iluminação eficiente, climatização inteligente e isolamento térmico reduzem desperdícios. A geração distribuída e o autoconsumo, especialmente por meio da energia solar, têm ganhado força, permitindo que consumidores gerem sua própria eletricidade e até vendam excedentes para a rede.
Além disso, modelos inovadores como a resposta da demanda possibilitam ajustes no consumo conforme a disponibilidade de fontes renováveis, promovendo eficiência e redução de custos. Essas mudanças demonstram que a inovação não está apenas na geração de energia, mas também na forma como ela é consumida e gerenciada.
O setor de energia renovável bateu recordes recentes no Brasil e no mundo. De acordo com a think tank climática Ember, pela primeira vez, as energias renováveis responderam por mais de 30% da eletricidade mundial em 2023, devido ao crescimento acelerado da energia eólica e solar. No Brasil, a participação de fontes renováveis atingiu 49,1% na matriz energética nacional em 2023, conforme dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Já na geração de eletricidade, esse percentual é ainda maior: 93,1% da energia gerada no país em 2023 veio de fontes renováveis, segundo o Ministério de Minas e Energia.
As empresas do setor energético estão reestruturando suas atuações para incorporar práticas mais sustentáveis e competitivas. Dentre as principais frentes de inovação corporativa, indo além do desenvolvimento tecnológico, destaca-se:
Eficiência operacional
Diante da crescente demanda por energia sustentável, as empresas têm buscado estratégias para aprimorar suas operações, minimizar desperdícios e maximizar o aproveitamento de recursos. Esse movimento não apenas melhora o desempenho financeiro, mas também contribui para a transição energética, tornando o sistema mais eficiente e resiliente, impactando também os consumidores finais.
Novos negócios e geração de receita
O crescimento das energias renováveis tem impulsionado a necessidade de novos modelos de negócio, permitindo que as empresas diversifiquem suas soluções e ampliem suas fontes de receita. Em um setor em transformação, onde a demanda por sustentabilidade se intensifica a cada dia e a concorrência se torna mais dinâmica, inovar no desenvolvimento de produtos, serviços e formas de comercialização se torna essencial. Adaptar-se a essas mudanças não apenas fortalece a posição no mercado, mas também abre novas oportunidades de crescimento e diferenciação, garantindo maior competitividade e resiliência diante dos desafios da transição energética.
Governança e Cultura de Inovação
Para garantir a transição energética de forma sustentável, as empresas do setor têm fortalecido sua governança corporativa, incorporando critérios ESG (ambientais, sociais e de governança) em suas operações e investimentos. Além disso, a cultura de inovação tem se tornado um diferencial estratégico, com companhias adotando programas de inovação aberta para conectar startups, universidades e centros de pesquisa a seus desafios internos. Esse ecossistema colaborativo acelera o desenvolvimento de novas soluções e reforça a competitividade do setor.
A inovação corporativa, portanto, não se limita à adoção de novas tecnologias, mas envolve a transformação da forma como as empresas operam, investem e entregam valor para clientes e colaboradores. Essa abordagem é fundamental para acelerar a transição energética e garantir que os benefícios das fontes renováveis sejam amplamente distribuídos de maneira eficiente e sustentável.
O case da Beta-i Brasil com a COPEL é um excelente exemplo do papel da inovação corporativa na transição energética. O programa Copel Volt buscou soluções inovadoras em áreas prioritárias como relacionamento com o cliente, novos modelos de negócios, eletromobilidade e energias limpas. Na segunda edição, os desafios priorizados incluíram digitalização e melhoria em gestão e processos, hidrogênio verde, armazenamento de energia e smart cities.
Estruturamos uma jornada de inovação aberta para priorizar os desafios e realizamos um scouting global de startups, resultando em um impacto expressivo:
590 startups globais impactadas em 2 edições.
2.543 startups mapeadas de 73 países, com 216 inscrições de 43 nações na 1ª edição.
284 startups inscritas na 2ª edição, com 64,3% de participação estrangeira, reforçando a presença global da iniciativa.
Entre os destaques do programa, a Move, investida via Copel CVC, contribuiu para a expansão da eletrovia da Copel, aumentando o número de carregadores de 13 para 23, com a integração de um sistema inteligente de gestão. A startup também desenvolveu um app para condutores de veículos elétricos, incluindo um sistema de pagamentos e recargas que atingiu 320 usuários em um mês, representando 15% dos veículos elétricos do estado.
Além do Copel Volt, também apoiamos a COPEL na estruturação do Corporate Venture Capital (CVC) da empresa, um fundo de investimento criado para impulsionar startups que atuam no setor energético. Com um aporte inicial de R$ 150 milhões, o fundo tem como objetivo acelerar inovações alinhadas à descarbonização, descentralização e digitalização do setor energético. Como resultado, mais de 500 startups foram analisadas, levando a investimentos iniciais na Move e na Nextron. A Nextron desenvolveu novos modelos de receita, enquanto a Move otimizou a gestão da eletrovia da Copel, aumentando eficiência e reduzindo custos operacionais.
Outro avanço foi a reformulação do Programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) da COPEL, alinhando as iniciativas às exigências da ANEEL e ampliando sua competitividade. O desafio era estruturar a área de PDI para atender às regulamentações e criar um modelo robusto para originação, validação e gestão de projetos. Ajudamos a desenvolver um pipeline estruturado para inovação, incluindo um roadmap, processos de avaliação e monitoramento contínuo. Como resultado, houve a otimização de recursos, na seleção de projetos de alto impacto e maior transparência na inovação corporativa.
Essas iniciativas demonstram como a inovação corporativa pode ser um motor para eficiência operacional, geração de novos negócios e fortalecimento da governança no setor energético, acelerando a transição para um modelo mais sustentável e competitivo.
A transição energética exige mais do que avanços tecnológicos — demanda inovação corporativa, novos modelos de negócio e fortalecimento da governança. Empresas que investem em eficiência operacional, diversificação de receitas e cultura de inovação se destacam nesse cenário.
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