Como medir o verdadeiro ROI da inovação

Em um mercado cada vez mais dinâmico, as empresas que querem se manter competitivas precisam avaliar a inovação de forma estratégica e holística. Afinal, seus impactos vão muito além do lucro de curto prazo — eles impulsionam crescimento sustentável, a diferenciação de mercado e a geração de valor ao longo do tempo. O grande desafio é saber mensurar esses benefícios de forma eficaz.

Com o avanço das ferramentas de análise de dados que permitem apoiar a mensuração de resultados e a crescente exigência por accountability nas decisões empresariais, essa lacuna precisa ser preenchida. No setor de energia elétrica, cresce o número de empresas brasileiras que buscam estimar com precisão o retorno das iniciativas de inovação, como o desenvolvimento de projetos-piloto com startups, por exemplo.

Esse esforço de mensuração é impulsionado pela liderança das empresas, que vê a possibilidade de incluir investimentos em inovação não apenas na verba de P&D, mas também no cumprimento da obrigação legal de investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PDI) no setor elétrico. Esse cenário exige diretrizes claras para a aplicação dos recursos e a avaliação de seu retorno. 

Algumas perguntas-chave podem ajudar a orientar essa mensuração. Estamos utilizando tecnologias e processos inovadores para melhorar a eficiência operacional, reduzir desperdícios e otimizar recursos? As soluções inovadoras que implementamos estão elevando a satisfação dos clientes e fortalecendo a sua fidelização? O tempo necessário para transformar ideias em produtos ou serviços está diminuindo, tornando a empresa mais ágil na captura de oportunidades de mercado? E, finalmente, qual a taxa de sucesso dos projetos inovadores em termos de impacto mensurável e geração de retorno positivo?

A inovação, por natureza, é um processo exploratório. No entanto, a necessidade de mensuração não deve restringir sua capacidade de experimentação, assim como a busca pela novidade não pode ser uma justificativa para negligenciar a criação de valor tangível. Em vez de avaliar o ROII de forma fragmentada, analisando cada iniciativa isoladamente, as empresas devem adotar uma visão de portfólio, permitindo uma compreensão mais ampla dos investimentos em inovação e seus respectivos retornos. 

Um exemplo é o equilíbrio entre risco e retorno, com investimentos distribuídos entre projetos de alto risco e alto retorno e iniciativas mais seguras e incrementais. Outra abordagem comum é a divisão do portfólio em três horizontes. No curto prazo, a inovação é incremental, com melhorias contínuas nos produtos e processos atuais, sendo mais fácil de quantificar. No médio prazo, a inovação é adjacente, focada na expansão para novos mercados ou áreas estratégicas. Já no longo prazo, o foco está na inovação disruptiva, voltada para o desenvolvimento de novas tecnologias e modelos de negócio.

Empresas que incorporam uma cultura estruturada de mensuração do ROII conseguem justificar seus investimentos com dados objetivos, comunicar de forma clara o valor gerado e alinhar suas iniciativas com os objetivos estratégicos do negócio. Medir o ROII não é apenas uma questão de controle financeiro, mas um passo essencial para posicionar a inovação como um pilar da criação de valor empresarial real e mensurável.

Este artigo foi escrito por André Nunes, Managing Partner da Beta-i Brasil, para a Época Negócios.

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